Com a guerra da Rússia e Ucrânia, importação de potássio é preocupação da agricultura e ministra Tereza Cristina anuncia Plano Nacional de Fertilizantes, com prioridade para as jazidas no Amazonas
Brasília – O avanço na exploração de silvinita no Amazonas, atualmente controlado pelo grupo canadense Potássio do Brasil, deve ser intensificado para reduzir a dependência do País ao mineral importado da Rússia, que está em guerra contra a Ucrânia. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, anunciou, nesta quarta-feira (2), que Plano Nacional de Fertilizantes já está pronto e que deve ser lançado até o dia 17 deste mês e entre outros pontos visa facilitar a liberação de licenças, ao citar a mina de Autazes (a 113 quilômetros a sudeste de Manaus).
O Brasil importa 96% do cloreto de potássio que utiliza para a fertilização dos solos na agricultura. Rússia e Canadá são os maiores produtores mundiais. Dos US$ 5,7 bilhões das importações brasileiras da Rússia em 2021, ou 62% foram gastos com o minério.
A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina (Foto: Agência Brasil/Arquivo)
Tereza Cristina afirmou que, no plano de fertilizantes, foram identificados gargalos de legislação, tributários e de demora de licenças ambientais. “Às vezes investidores acabam desistindo de explorar potencial, principalmente do potássio. Na região de Autazes, nós temos uma gigantesca mina lá, que pode ser explorada. Supriria 25% do que hoje exportamos, que hoje está em torno de 96%”, disse ela, citando também uma mina que depende de licença no Sergipe.
O empenho da ministra esbarra na legislação, que estabelece o direito da concessão da licença para o órgão estadual, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e não ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama).
A Potássio do Brasil, subsidiária do banco canadense Forbes & Manhattan, enfrenta diversos problemas na exploração da jazida em Autazes, mesmo após ter obtido licença prévia, por fazer prospecções na área indígena Mura. Ação do Ministério Público Federal (MPF) na Justiça Federal suspendeu a exploração e um acordo firmado que estabelece uma consulta pública à Nação Mura. Atualmente, a empresa possui 149 pedidos ativos de exploração do mineral em diversos municípios do Pará e do Amazonas.
A mineradora afirma que até 2020 investiu mais de US$ 190 milhões na descoberta e desenvolvimento do minério no Brasil e outros US$ 2 bilhões serão investidos até o final da construção de suas operações.
De acordo com a ministra, o Plano Nacional de Fertilizantes está em processo de revisão da legislação no ministério da Economia e da Agricultura “A Casa Civil até o dia 17 de março estará com isso pronto.”
A ministra disse que o problema da dependência dos fertilizantes será maior caso o conflito se estenda “Se guerra durar mais tempo, as consequências serão maiores. Esperamos bom senso e que essa guerra acabe rapidamente.”
No ano passado, o Serviço Geológico do Brasil, ligado ao Ministério de Minas e Energia, identificou na Bacia do Amazonas novas jazidas e ampliou em 70% a potencialidade sobre depósitos de silvinita, como é denominado o mineral cloreto de potássio, do qual se extrai o potássio. Segundo o estudo, a Bacia do Amazonas concentra jazidas em Nova Olinda do Norte, Autazes e Itacoatiara, com reservas em torno de 3,2 bilhões de toneladas de minério, além de ocorrências em Silves, São Sebastião do Uatumã, Itapiranga, Nhamundá, Faro e Juruti, estas duas últimas no Pará.
Fonte: D24am
Comentários